Relato da Oficina Identidade e Consumo- 14/06

A oficina realizada dia 14 de junho, teve como conteúdo principal a contrapropaganda.
Na primeira oficina, apresentamos para os educandos a relação entre a propaganda, a criação da identidade e o consumo. A ideia do terceiro encontro, era utilizar o conhecimento que foi gerado nos encontros anteriores e adicionar a discussão a contrapropaganda como elemento que visava quebrar a lógica construída com a propaganda, evidenciando seu caráter supérfluo e seu objetivo único de idealizar um produto de modo que o faça parecer essencial para o público alvo que deveria consumi-lo.

Nosso encontro aconteceu na mesma semana em que os protestos por conta do aumento da tarifa estavam acontecendo em São Paulo. Enquanto nós montávamos o material que seria usado na oficina, perguntamos aos alunos o que estava chegando até eles sobre a manifestação, quais eram as informações as quais eles tinham acesso e também qual opinião deles e das pessoas que estavam em volta deles sobre o tema. Ouvimos um pouco do que eles tinham a dizer, compartilhamos o depoimento de quem estava lá ou de conhecidos que estavam lá, e depois de conversar um pouco sobre isso, demos início à oficina.

Iniciamos a oficina com a apresentação de uma sequência de dois pares de vídeos que contavam primeiro com uma propaganda e em seguida com uma contrapropaganda baseada no primeiro vídeo. O primeiro era uma propaganda da Coca-Cola, em que eram usadas comparações completamente desconexas para criar um cenário em que consumir a Coca-Cola parecia fazer com que a vida ficasse de fato mais bonita. A contrapropaganda que veio em seguida, da mesma forma, foi montado em cima de comparações, mas dessa vez comparações duras e realistas, e dizia ao fim que o único objetivo daquilo tudo era vender o refrigerante. A outra sequência de vídeos, era uma propaganda do chocolate kit-kat, em que uma rotina cansativa poderia ser suavizada com o consumo de um kit-kat. O vídeo da contrapropaganda, representava o chocolate como o dedo de um orangotango,  denunciando a compra de óleo de palma de empresa que desmatavam florestas que eram habitat dos orangotangos.

Depois de mostrar os vídeos, conversamos sobre quais eram as impressões que eles tiveram sobre os vídeos e os objetivos da contrapropaganda.

Em seguida, mostramos um vídeo que compilava fotos de editoriais de revistas de moda em que a mulher aparecia sempre como indivíduo subjugado e o homem sempre como indivíduo dominante. Depois da série fotográfica em que as mulheres apareciam assim, o vídeo colocava fotos de homens ocupando o papel em que nas fotos anteriores era representado pela mulher, tendo cabelos puxados, usando pouca roupa, tendo a mulher como indivíduo dominante na imagem, etc. A partir desse vídeo, iniciamos uma conversa que discutiu a propaganda como forma direta ou indireta da construção da identidade.

Depois desse vídeo, os estudantes apontaram mais uma serie de propagandas que estavam ligadas a construção direta de identidade, principalmente de propagandas que sempre relacionavam a questão da limpeza com a imagem da mulher, propagandas de carros com a figura masculina, propaganda de maquiagem, etc.

Mostramos também, imagens do projeto “The bubble Project” que mostra a intervenção de pessoas em propagandas impressas, como forma de transformar a imagem em contrapropaganda.

Terminamos a oficina fazendo um apanhado das discussões feitas nos três encontros que tivemos, e evidenciando mais uma vez o objetivo da oficina e o propósito do trabalho que nós pedimos que eles elaborassem em grupo, que poderia ser feito de forma livre, pensando a questão propaganda-identidade-consumo para posteriormente a criação de uma contrapropaganda que inverta essa lógica.